Jeder Janotti

Jeder Silveira Janotti Junior é graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (1990) e possui mestrado em Multimeios pela Universidade Federal de Campinas (1994). Possui doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (2002), com estágio de doutoramento na McGill University (Montreal, 2000).

Chegou à Faculdade de Comunicação em 1995. Segundo ele, foi atraído para a instituição, especialmente pela qualidade intelectual e pelo programa de pós-graduação, que estava começando a despontar no cenário nacional. Sobre sua atuação na faculdade, reconhece que teve altos e baixos e que sua trajetória de sucesso esta intimamente ligada a trajetória da Faculdade de Comunicação. Teve a oportunidade de desenvolver atividades administrativas e até setembro de 2006, foi tutor do Programa de Educação Tutorial (PET), atualmente, além de dar aulas na graduação, é coordenador do programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea (Póscom), bolsista em produtividade do CNPq. Jeder sempre teve interesse por música popular massiva e acabou unindo o útil ao agradável, quando tornou esse interesse objeto de estudo na academia, através da coordenação de um grupo de pesquisa sobre o tema “... essa ligação é anterior a academia, toco desde os 15 anos ... é algo que esteve ligado a minha trajetória, não surgiu na academia”.

Jeder tem experiência na área de Comunicação e Mídia, com ênfase em Cultura Midiática, atuando principalmente nos seguintes temas: música popular massiva, estudos culturais e cultura midiática. É coordenador do grupo de pesquisa Mídia e Música Popular Massiva, financiado pelo CNPq e pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia.

História

Sobre os acontecimentos históricos dos quais participou, em especial, aquisição do prédio que se tornou sede da faculdade de comunicação, Jeder tem algumas ressalvas e pensa no assunto com cautela. Embora este processo tenha envolvido toda a comunidade faconiana (professores, alunos, funcionários) a leitura que faz, é que foi basicamente um projeto político da direção do professor Albino Rubim. Reconhece que o espaço onde a escola funcionava era pequeno e que talvez fosse realmente necessário um espaço mais amplo, mas a forma como esse deslocamento foi conduzido é que merece reflexões e faz com que ainda hoje se questione sobre os reais benefícios dessa disputa.

“As estruturas das salas, a acústica que é algo fundamental é péssima. Salas como a 2, a 6 e a 8 não dá pra ninguém que leve a sério a educação... Divisórias podem servir para muita coisa, mas para sala de aula é o pior material que conheço.” Além disso, um outro ponto de destaque é a sociabilidade, que para o professor foi afetada: “ficamos em certa medida isolados, no Canela a relação social era maior, havia efetivamente uma troca muito intensa, com os estudantes de música e com os próprios estudantes de biblioteconomia. Acho que até hoje, nós não conseguimos restaurar esta relação social, a Facom ficou um tanto isolada”.

A Facom hoje

Considera a Facom uma das melhores faculdades do Brasil em produção de conhecimento. “Acho que se você procura concepção de pensamento crítico, a qualidade das disciplinas teóricas, são melhores do que a maioria das faculdades de comunicação do Brasil. Nós temos profissionais que são referências em sua área, cito exemplos de novas tecnologias, comunicação e política e políticas de cultura.”

Jeder faz considerações relevantes sobre um assunto que é normalmente causa de polêmica na faculdade, que é a insatisfação dos alunos com a quantidade e qualidade das matérias práticas oferecidas. Mas, a análise de Jeder é mais ponderada e apesar de reconhecer este problema como real, “há efetivamente um desnível na qualidade desse pensamento critico e as disciplinas de caráter técnico”, chama atenção para os recursos disponíveis que nem sempre são suficientes para a demanda das faculdades.

Embora considere os cursos da Facom como muito bons, demonstra preocupação quando o assunto é a Graduação, especialmente, por considerar que ela está passando por um momento delicado. “Ela não está sendo levada a sério como deveria...”, para o professor isso fica explícito com a constante liberação de professores, disciplinas que estão sendo dadas da mesma forma há anos, a pouca dedicação, e em especial a falta de disposição para os questionamentos, decorrente das constantes disputas internas. Como sugestões para amenizar este quadro aponta que a primeira coisa que se deve fazer pela graduação é dar aula bem, além disso, os professores devem se envolver mais com a faculdade, orientar monografias, desenvolver pesquisas, estar presentes na academia.

Há 12 anos na Facom, além de lecionar, Jeder também atuou em cargos administrativos, o que em certa medida, lhe fornece, condições para as análises que faz sobre a Facom, em particular, a graduação. Como professor, percebe que o atual momento é delicado, que é realmente necessário olhá-la com atenção e ativar os debates e questionamentos sobre sua qualidade e caminho que deverá seguir nos próximos anos.