Jornal da Facom

Juliana Silva Almeida

O Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia desempenha o papel de um espaço para a prática do jornalismo, num ambiente em que situações do cotidiano de uma redação podem ser vivenciadas pelos estudantes. Este, por ter alta independência editorial e dose experimental, exerce uma função que extrapola a capacitação dos estudantes, pois se volta para a comunidade ao seu redor exercendo também um papel social.

Segundo Fernando Conceição, professor que ministra a matéria Oficina de Jornalismo Impresso que tem o jornal como produto, a atual linha editorial contempla a prestação de serviço àqueles que pagam o jornal, ou seja, a comunidade externa à UFBA. Os alunos são orientados a ouvir fontes extra-oficiais, não como exigência, mas como opção para fazer um jornal com um “forte compromisso com o jornalismo de interesse público, que dê voz aos que não têm voz”.

Fases da sua existência

Para muitos, o Jornal da Facom vem atravessando, atualmente, a sua melhor fase, uma vez que desde a sua fundação até o ano de 2005 o jornal funcionava em precárias condições, sendo impresso apenas quando a verba repassada para a Faculdade de Comunicação permitia. Para Edelson de Assis, ex-aluno ingresso no curso em 1972, “Jornal laboratório era eufemismo. O que nós tínhamos era uma sala com várias máquinas de escrever. A grande maioria, velhas. Havia uma matéria (...) que íamos para o "Laboratório" e escrevíamos alguma coisa.”.

Apenas no ano passado as verbas necessárias para a impressão da tiragem do jornal foram concedidas regularmente pela administração central da UFBA. Hoje em dia, o Jornal da Facom tem o compromisso de publicar um total de quatro números por semestre.

O jornal vem alcançando patamares nunca antes conseguidos, como o reconhecimento de grandes jornais da cidade. Em 2006, por exemplo, a reportagem “Vestibular de Mentirinha” do aluno Felipe Paranhos foi fonte para a publicação de uma matéria de página inteira do jornal A Tarde, o que ocorreu também com a matéria “A raça humana é pitbull” de Alan Botelho, que teve grande repercussão em veículos da imprensa.

Novo Projeto Editorial

A repercussão que obteve o jornal se deu graças ao novo projeto editorial. As mudanças ocorreram na ampliação do sistema de distribuição, atribuição de um novo enfoque e a criação de uma identidade, que para alguns se assemelha com o antigo “A Província da Bahia” (jornal do professor da matéria, Fernando Conceição). Para este, todo jornal tem a marca de quem o faz, sendo assim o Jornal da Facom segue uma linha de prestação de serviço à comunidade de forma crítica, engajada socialmente e contemplando o pluralismo e o debate de idéias. Contudo, Fernando enfatiza que o principal objetivo do Jornal da Facom é dar visibilidade ao trabalho de qualidade dos alunos.

A aluna, e participante do Jornal, Daniele Vilella diz que o JLab (apelido dado ao jornal pelos alunos) é, de fato, o primeiro contato direto com o jornalismo. Ela acrescenta que este contribui para a sua vida acadêmica, pois, além de treinar textos jornalísticos, o Jornal expande o horizonte do estudante expondo-o a situações diversas em locais inusitados da cidade, e não se restringe ao âmbito interno da faculdade.