O Movimento Estudantil e a Faculdade de Comunicação da UFBA

Cássia Mayla de Almeida Pita e Nara Luíza Moreira Pino

Terça-feira, dia 03 de Abril de 2007, aconteceu na Faculdade de Arquitetura da UFBA, no bairro de Federação, o CEB (Conselho de Entidades de Base), que reúne centros e diretórios acadêmicos de toda a UFBA.

André Araújo, estudante de Comunicação, Coordenador administrativo e financeiro do Centro Acadêmico Vladimir Herzog - Facom, e atual gestor da ENECOS (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social) - entidade responsável pela representação estudantil dos estudantes de Comunicação de todo o Brasil - há dois anos representa a Faculdade de Comunicação da UFBA nas reuniões do CEB.

André afirma que a ligação dos estudantes de Comunicação da UFBA com movimento estudantil, de uma forma organizada e numerosa, é um fenômeno recente. “O movimento estudantil ‘organizado’ na Facom é novo”.

O Movimento Estudantil e a História

Houve um tempo em que o simples fato de reunir um grupo de estudantes para debater sobre política, ou fundar entidades estudantis, era inviável devido a Ditadura Militar e os seus Atos Institucionais, os tão conhecidos “AI”, que tinham como objetivo conter organizações clandestinas, formada em grande parte por estudantes, que se rebelavam contra a gestão Militar. Dentre destes Atos o “AI-5”, o mais rigoroso nas suas medidas, cerceou a liberdade de expressão, sendo uma de suas medidas a suspensão e a impossibilidade de que houvesse todo e qualquer tipo de reunião.

Os estudantes de Comunicação da UFBA também sofreram com os Atos Militares, é o que afirma Edelson De Assim, jornalista formado pela Facom na década de 70, na antiga “Escola de Jornalismo e Biblioteconomia”, ainda no antigo prédio do Canela.

Edelson declara que “havia colegas que entraram junto comigo, formaram-se e não tivemos oportunidade de ter sequer uma aula juntos. Não havia um movimento organizado, mas núcleos que participavam da luta armada (...) muitos desconheciam o que estava acontecendo, isso porque a censura era rígida. Nada era divulgado”.

A Facom e o Movimento Estudantil hoje

Passado o período do Regime Militar, e depois de alguns anos, a Faculdade de Comunicação da UFBA se desvinculou da Escola de Biblioteconomia, e ocupa o desativado prédio do restaurante universitário, tornado a faculdade de comunicação mais autônoma em suas decisões internas.

Com maior liberdade, o MECOM (Movimento Estudantil de Comunicação) se organizou melhor. Agora a faculdade, que funciona em um só prédio, favorece uma aproximação maior dos estudantes para a troca de idéias e discussões políticas. Diante deste novo cenário é que o Centro Acadêmico Vladimir Herzog, formado em 2001, busca organizar o movimento estudantil na Facom. Andréafirma que “ Trata-se ainda de um movimento incipiente, que ainda tem muito a se organizar, a discutir pautas, a realizar ações. Um movimento que está começando e tem muito que amadurecer”.

Ele ainda declara que “o C.A ainda não possui uma imagem consolidada dentro da Facom. Acredito que por ser uma instância relativamente nova, ele ainda não soube estruturar a melhor forma de articular e mobilizar os estudantes da instituição e deixar claro qual papel ele cumpre”.

André ressalta também ainda há vários problemas de comunicação entre o C.A e a Facom, como por exemplo as atividades promovidas pelo Centro Acadêmico, que são pouco divulgadas. Ele ainda declara que estes problemas de comunicação geram um afastamento dos estudantes da Facom com relação ao Centro Acadêmico, e isso cria a impressão para grande parte dos estudantes que o C.A é um local fechado e restrito, aberto só para os que fazem parte do mesmo.

“Acredito que tivemos uma série de pequenas ações que acabaram tendo bons resultados (o que, por sinal, acho mais interessante... melhor, várias pequenas conquistas que poucas grandes). No momento me lembro de três: A primeira com relação a própia construção do C.A, através da sua fundação. Se o passo inicial não tivesse sido dado nada teria sido feito. A segunda é com relação aos ajustes curriculares realizados no ano de 2006 para as duas habilitações da Facom, Jornalismo e Produção em Comunicação e Cultura. Apesar de ter sido feita de forma restrita e com a atuação de poucos estudantes, foi muito positiva. E a terceira, foi a consolidação do espaço Vladimir Herzog, especialmente nos últimos semestres. Acho que ele vem perdendo a imagem de “instância fechada” e “restrita”, e aos poucos tem se transformado num espaço importante de socialização dentro da Facom. O que é, por si só, uma grande conquista”, conclui André.