Entrevista: Pedro Formigli

Carolina Castro

O jornalista Pedro Formigli ingressou na Facom em 1967. Na entrevista, o ex-assessor de Jacques Wagner conta um pouco de sua trajetória e também de suas lembranças no seu período de graduação na faculdade de Jornalismo. Formigli ressalta a importância e o diferencial de estagiar no decorrer do curso e quando questionado a respeito de vínculos com a Facom, põe seus compromissos profissionais como principais motivos de afastamento da instituição.

CC: Em que ano ingressou e se formou na Facom? Onde era o campus?

Pedro Formigli: Ingressei em 1967 e me formei em 1970. Quando ingressei, o curso de jornalismo funcionava, junto com outros 12 cursos, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, na Avenida Joana Angélica, em Nazaré, onde hoje funciona o Ministério Público do Estado. Exatamente no meio do curso mudamos para o Vale do Canela, passando a dividir um prédio com a Escola de Biblioteconomia, em frente ao Seminário de Música. Foi nesse prédio que eu me formei.

CC: Na época em que estava na graduação, existiam manifestações com relação ao espaço físico da Facom e a separação do Departamento de Biblioteconomia? Você participou?

Formigli: Em Nazaré, quando eu entrei na Escola, não precisou haver manifestação, porque já existia um plano de mudança em andamento. Nos primeiros anos de Vale do Canela também não houve, que eu me recorde, manifestações por espaço físico, pois tínhamos acabado de vir de Nazaré, onde os problemas de espaço eram muito mais graves. A luta pela separação da Escola de Biblioteconomia começou poucos anos depois, quando o curso de jornalismo começou a crescer e a exigir mais espaço. Essa fase eu já acompanhei como professor.

CC: Quando se formou continuou com algum vínculo com a Faculdade?

Formigli: Voltei à Faculdade como professor. Ensinei lá (ainda no Canela) de 1974 a 1976. Mas meus vínculos com o mercado de trabalho profissional foram mais fortes e acabaram me tirando da vida acadêmica. Voltei à Faculdade esporadicamente para participar de alguns eventos ou como convidado para fazer uma ou outra palestra.

CC: Depois de formado, qual foi sua trajetória? A Facom te influenciou de alguma forma?

Formigli: Minha trajetória foi e continua sendo muito diversificada. Atuei em jornais locais como repórter, chefe de reportagem, editor, secretário de redação; em sucursais de jornais nacionais também como repórter e chefe de reportagem; editei telejornais; fui assessor parlamentar, consultor de uma agência de notícias em Angola e, nos últimos anos, tenho sido assessor de imprensa em órgãos públicos. A Facom teve uma enorme influência na minha formação, embora desde o início do curso eu tivesse buscado me valer de estágios para preencher a insuficiência de atividades práticas que imperava no curso de então.

CC: Qual a importância da Facom na sua formação e quais os professores mais marcantes?

Formigli: Apesar das críticas, que não são poucas e que podem ser feitas à imensa maioria dos cursos superiores no Brasil, considero bom o nível do curso que fiz na Facom. Ele me deu muito da base que precisei para encarar o mercado de trabalho. Foi graças a essa base, aliás, que eu já tinha me profissionalizado ainda na metade do curso.

O professor que mais marcou minha formação foi Florisvaldo Matos. Sério e competente, ensinou a toda uma geração de jornalistas baianos o que é ter a comunicação como profissão. Também foram muitíssimo importantes para a minha formação os estágios que fiz paralelamente ao curso e desde o primeiro ano de Faculdade, bem como os seminários periodicamente promovidos pela ABI, Sinjorba e a própria Facom, que traziam a Salvador professores e profissionais do nível de Alberto Dines, Cremilda Medina, Carlos Castelo Branco, entre muitas outras “feras”.

CC: Estudar na Facom foi um diferencial para o mercado de trabalho? Você ainda acha isso?

Formigli: Na época foi, é claro. Mesmo porque naquela época, em Salvador, só havia a Facom ensinando comunicação/jornalismo. Mas repito que é sempre bom buscar a complementação da formação profissional em atividades extracurriculares como os estágios. Agora mais do que nunca, em decorrência do acirramento da disputa pelo mercado de trabalho.

CC: Você solicitou afastamento da Assessoria Geral de Comunicação do Estado da Bahia – a Agecom. Quais são os seus planos?

Formigli: Em princípio, pretendo continuar fazendo assessoria de imprensa na área pública. Mas não tenho planos traçados. Faço como o Zeca Pagodinho: deixo a vida me levar...