História da Facom

Cleide Vilela e Gabriel Andrade

A Faculdade de Comunicação da UFBa (Facom), centro de excelência em ensino e pesquisa em comunicação do Brasil, está comemorando os seus 20 anos de existência independente. Na anos 80, a Faculdade ainda dividia o espaço físico com Biblioteconomia no campus da UFBa no Canela. Em 1987, estudantes e professores ocuparam o prédio do atual Instituto de Saúde Coletiva (ISC) por mais de 10 anos, até que, em 1999, foi cedido o prédio do antigo Restaurante Universitário, onde a Facom está situada desde então.

O curso de Jornalismo surgiu em 1950, inicialmente como parte da Faculdade de Filosofia, e em 1969, incorporou-se à Escola de Biblioteconomia e Comunicação. Foi ligado ao Departamento de Filosofia em Nazaré durante dezoito anos. A duração do curso de Jornalismo na época era de três anos e a primeira turma se formou em 1952. Posteriormente, a Facom ganhou uma nova habilitação de graduação em Comunicação Social: Produção em Comunicação e Cultura, e dois programas de pós-graduação: Comunicação e Cultura Contemporâneas e Cultura e Sociedade.

Faculdade de Comunicação

Em 1987, Albino Rubim e Marcos Palácios assumiram a direção da Facom, como diretor e vice. Neste mesmo ano, foi criado o primeiro curso de pós-graduação da instituição: Especialização em Comunicação Comunitária.

A contratação de novos mestres, como Monclar Valverde, e o estímulo à qualificação de professores antigos possibilitou um debate sobre a implementação de uma pós-graduação permanente e os rumos que ela deveria tomar. “Nesse tempo, um conjunto de encontros que privilegiam as dimensões teóricas e culturais aconteceram na Facom”, relata Albino Rubim.

O mestrado em Comunicação e Cultura Contemporâneas surgiu em 1988. Albino Rubim conta que “percebeu rapidamente como a existência de um programa de pós-graduação agilizava e, com muito mais consistência, consolidava a pesquisa; o ambiente de debate intelectual; estimulava a qualificação de professores; agregava novos docentes, como José Benjamim Picado e Wilson Gomes”. Somente em 1994, fixou-se o doutorado. Ainda em 1988, também foi implantado o PET (Programa de Educação Tutorial), influenciando a formação teórica dos estudantes da graduação.

Contudo, uma crise agitou a UFBA em abril de 1988: a nomeação de Rogério Vargens como reitor gerou uma greve de quatro meses. A oposição da Facom à sua administração provocou a exoneração de Rubim e Palácios dos cargos de diretor e vice em 9 junho de 1988. Em seus lugares foram nomeados Aílton Sampaio e Nívea Gouveia para as mesmas funções.

O fato ocasionou muitos protestos organizados pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog, como a “Hora do Grito”, em que os estudantes gritavam ao mesmo tempo contra a nova diretoria. Um grupo de professores ganhou uma ação judicial contra o reitor, por este não ter respeitado a lista sêxtupla. Derrotado, Vargens indicou Ruy Espinheira e Sônia Serra, 5º e 6º colocados da lista. A vitória foi comemorada com a queima de um boneco representando o reitor, na 1º Lavagem da Facom.

Em 1993, Albino e Palácios retornaram à direção através de votos. Dois anos depois, os professores se reuniram para elaborar um novo currículo para Jornalismo e arquitetar a habilitação de Produção em Comunicação e Cultura, que foi estabelecida em 1996. “Estes currículos, utilizando uma brecha jurídica da antiga Lei de Diretrizes e Bases da Educação, foram concebidos como currículos experimentais e, por conseguinte, não tiveram que se submeter à camisa de força do currículo mínimo, definido na Resolução 002/84.”, afirma Rubim.

A reivindicação do Departamento de Comunicação pelo prédio que abrigava o Restaurante Universitário (R.U.) em Ondina, aconteceu em 1998; devido à precária situação do imóvel no Canela, como a falta de espaço e infiltrações. Nesta época, os estudantes da Facom protestavam pela mudança da faculdade para o R.U., e os demais estudantes da UFBA, organizados pelo DCE, foram contra. Othon Jambeiro conta que “foi decidido através da votação no conselho universitário, com uma abstenção apenas, que Comunicação ocuparia o prédio todo, o protesto contra a doação foi muito também, principalmente por parte do DCE e dos estudantes, menos os de comunicação”.

Em 1999, as aulas começaram a serem dadas no novo prédio e apenas em 2001, todas as instâncias da Facom passaram a funcionar no novo prédio. Um novo programa de pós-graduação surgiu em 2005: Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (Pós-Cultura).

A Facom possui hoje laboratórios: de Multimídia, Som, TV e Vídeo, Jornalismo, Fotografia e Assessoria de Comunicação. Em 2006, foi criada a sala de informática, equipada com computadores conectados a Internet. É atualmente dirigida pelo professor Giovandro Marcus Ferreira, tendo como vice-diretora a professora Annamaria Jatobá Palácios.

Escola de Biblioteconomia e Comunicação

A reforma universitária outorgada em 1969 por força do Ato Institucional nº5 transforma o curso de Jornalismo em Comunicação. Na UFBA, como em muitas outras universidades, Jornalismo é unido arbitrariamente a Biblioteconomia e passa a funcionar naquela escola, que ganha o nome de Escola de Biblioteconomia e Comunicação (EBC). Othon Jambeiro, ex-professor de Comunicação, disse que “houve tentativas muito fortes de evitar que o curso de Jornalismo se fundisse com o de Biblioteconomia, tanto que nessa época havia uma proposta de criar a Faculdade de Comunicação institucionalizada, mas a fusão veio mesmo assim a acontecer”.

Em meados da década de 70, professores colaboradores (categoria semelhante a atual categoria do professor substituto) Albino Rubim, Maria do Carmo Araújo, Lindinalva Rubim, Aloísio Rocha Filho ingressaram na Escola. Esses professores foram os responsáveis por tentar reformar o currículo, barrado pelos professores mais velhos, e pela publicação da primeira revista da E.B.C. relacionada à comunicação: “ComunicAção”.

Em dezessete anos de E.B.C., o Departamento de Comunicação não chegou a dirigir a instituição. Antônio Dias, também ex-professor de Comunicação, expõe que foi feito um acordo entre os Departamentos de Comunicação e Biblioteconomia no nascimento da E.B.C., no qual “cada gestão seria de um departamento; ou seja, que ambos deveriam ter um tempo para administrar a Escola. No entanto as professoras de Biblioteconomia deram o golpe. Elas nunca aceitaram a alternância”.

Em 1984, Albino Rubim criou o NICOM (Núcleo Interdisciplinar de Cultura e Comunicação), de textos de comunicação na revista “Textos de Cultura e Comunicação”. Até hoje, o NICOM é a instância da faculdade responsável pela organização de seminários e publicação.

Durante todo esse período, os professores continuaram lutando politicamente pela separação do curso de Comunicação. Os problemas se agravaram com o tempo, ligados principalmente à falta de estrutura física. “As aulas eram dadas debaixo das árvores, não tinham cadeiras, sentávamos no chão”, disse Antônio Dias.

Em 1984, os estudantes fizeram uma manifestação e invadiram o antigo prédio da Biblioteca Central no Canela. No ano seguinte, Ailton Caíres ganhou a eleição provisória para diretor e Antônio Dias para vice. Eles articularam com o reitor Germano Tabacof a reforma do novo prédio que estava em péssimas condições. Mesmo em lugares separados, os cursos permaneciam unidos. A reforma curricular de 1985 e outras manifestações em 1986 aceleraram o total rompimento com Biblioteconomia. Em 1987, surge a atual Faculdade de Comunicação.